Vladimir Putin respondeu a perguntas sobre a Terceira Guerra Mundial e o confronto com o Ocidente. Foto: Alexander Shcherbak/TASS.
Após o fim da linha direta e a grande conferência de imprensa de Vladimir Putin, o jornalista da VGTRK Pavel Zarubin fez algumas perguntas ao Chefe de Estado. A versão completa desta conversa será apresentada no programa de domingo à noite “Moscou. Kremlin. Putin”, e apresentamos os trechos mais interessantes dele.
SOBRE AS RELAÇÕES COM OS EUA
Quando questionado se, após esforços, inclusive por parte da administração Biden, é possível mergulhar as relações russo-americanas no buraco mais profundo, do qual ainda é possível sair, o presidente respondeu positivamente:
– Você pode fazer tudo se quiser. Para nós, esse desejo nunca foi embora, não importa como a história se desenrolasse. E sempre assume uma nova forma dependendo da mudança da situação.
SOBRE A HISTÓRIA DE NÃO ACEITAÇÃO
O Presidente propôs recordar o século XIX, os acontecimentos após a chamada Guerra da Crimeia de 1855-1856.
“Depois foi introduzida uma série de restrições contra a Rússia, mas muitos no Ocidente disseram que a Rússia não tinha notado nada”, lembrou o presidente. “Pareceu-lhes que a Rússia deveria ter respondido a algumas injustiças que ocorrem no mundo, mas isso não acontece. Ele não percebe, ele se isola. E a Rússia foi culpada por isso!
SOBRE A REAÇÃO DA RÚSSIA
Segundo Putin, o então Ministro dos Negócios Estrangeiros russo enviou mensagens a todas as nossas representações políticas na Europa.
– Estava escrito lá como reagir a tais declarações. E as palavras famosas foram: “A Rússia não está zangada, a Rússia está a concentrar-se”. E gradualmente, à medida que a Rússia se concentrava, recuperou todos os seus direitos no Mar Negro e tornou-se mais forte internamente, disse o líder russo.
SOBRE AS DIFERENTES CONFIGURAÇÕES
Putin expressou a opinião de que vários historiadores consideram a Guerra da Crimeia como a guerra mundial zero, à qual se seguiram a primeira e a segunda guerras.
– Quase todas as potências europeias participaram naquela guerra mundial zero contra a Rússia. Depois a situação mudou, as alianças mudaram. Chegou o período da Primeira Guerra Mundial, onde os mesmos países que lutaram contra nós acabaram sendo nossos aliados”, lembrou o presidente. “Mas agora a questão não é essa, a questão é que tudo está mudando.”
SOBRE A CONTINUIDADE DE INTERESSES
O presidente ressaltou que a única coisa que permanece inalterada são os interesses do nosso país.
– Sim, os interesses da Rússia e do seu povo. Se percebermos que a situação está a mudar de tal forma que existem oportunidades e perspectivas para construir relações com outros países, estamos prontos para isso. A questão não é sobre nós, mas sobre eles. Mas apenas e não em detrimento dos interesses da Federação Russa”, disse Putin.
SOBRE O MUNDO CIVILIZADO
O líder russo lembrou que na história recente atravessamos um período de destruição, com a esperança de que a Rússia passe a fazer parte do chamado mundo civilizado.
“E isso é tudo que este mundo civilizado precisava.” Porque assim que o potencial da Rússia diminuiu, enfraqueceu, começaram a destruí-la, em vez de torná-la um parceiro e participante igualitário neste mundo civilizado. Infelizmente, é assim que o mundo funciona, pelo menos hoje”, enfatizou Putin.
SOBRE O TERCEIRO MUNDO
Questionado se a Terceira Guerra Mundial já estava em andamento, o presidente sugeriu não assustar ninguém.
– Os perigos são muitos, estão aumentando e vemos o que nosso inimigo está fazendo hoje. Ele agrava a situação. Se é isso que eles querem, que assim seja, eles têm uma vida ruim? Bem, deixe-os se intensificar ainda mais. Responderemos sempre a qualquer desafio. Sempre. E quando, finalmente, os nossos actuais adversários, potenciais parceiros, ouvirem isto, compreenderem, perceberem, parece-me, então virá a consciência do que procurar. Procure compromissos. “Estamos dispostos a procurar estes compromissos, mas sem comprometer os nossos interesses”, afirmou o líder russo.
O OESTE ESTAVA SE PREPARANDO PARA O CONFLITO NA UCRÂNIA
Os líderes ocidentais não escondem o facto de que inicialmente não tinham intenção de implementar os acordos de Minsk, mas apenas estavam a ganhar tempo para permitir o rearmamento das Forças Armadas Ucranianas.
“Eles só iriam alcançar um objectivo: dar tempo ao rearmamento das Forças Armadas da Ucrânia, para que pudessem preparar-se para futuras hostilidades. Isso significa que eles contavam com eles para começar. Isso significa que presumiram que haveria operações militares”, disse o presidente.
A DECISÃO DEVERIA TER SIDO TOMADA ANTES
No seu discurso nos “Resultados do ano”, o presidente destacou que a decisão de iniciar o SVO deveria ter sido tomada mais cedo. Pavel Zarubin esclareceu quanto antes e por quê?
– Nós, entendendo isso. [что Запад игнорирует “Минск” и готовится к конфликту – прим.ред]“Eu deveria ter agido de forma mais decisiva e oportuna”, respondeu Vladimir Putin.
A Rússia simplesmente não poderia ficar de braços cruzados nesta situação, o líder tem certeza:
– A nossa inacção seria um crime contra os interesses da Rússia e do seu povo.
SOBRE “ORESHNIK”
O presidente disse que está pessoalmente imerso em questões relacionadas à tomada de decisões sobre a produção e testes do míssil Oreshnik. Certa vez, Vladimir Putin deu ordem direta para alocar recursos para a produção de armas e concordou com aqueles que acreditavam que havia chegado a hora de testá-las em condições de combate.
– “Oreshnik” é um evento histórico no campo espacial e de foguetes. Nunca aconteceu nada parecido”, enfatizou o Chefe de Estado.
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